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Prólogo

Do Jornal Apolo da Superfície Lunar. Reproduzido com a permissão do editor do jornal, Eric M. Jones

 

Nunca a história da exploração espacial teve um empenho como Apolo. Conduzido pelo orgulho ferido e pela ameaça militar implicada pelos primeiros factos conseguidos pelos Soviéticos, particularmente o impressionante voo de Yuri Gagarin, a Administração Kennedy e o Congresso abriram a bolsa pública para a América poder demonstrar ao mundo as suas proezas tecnológicas conseguindo uma alunagem antes do final da década de 1960 e, mais importante, antes dos Russos. "Nenhum simples projecto espacial," disse Kennedy "será mais impressivo para a espécie humana, ou mais importante na exploração espacial alargada; e nenhuma será tão difícil ou dispendiosa para ser conseguida." No pico orçamental do programa em 1965, quase meio milhão de peritos trabalharam no todos eles impacientes para tornar realidade a primeira alunagem. Muitos deles acreditaram que o Apolo era a coisa mais importante que eles algumas vez fariam e gastaram longas horas para ter a certeza do sucesso. Poucos daquele meio milhão teriam alguma vez a oportunidade de viajar no espaço e menos ainda já andaram na Lua; mas a maior parte estava profundamente dedicada e, para eles, trabalhar no Apolo era muito mais do que um trabalho. E se, pelas suas perspectivas, o programa terminou cedo demais e, também, na amarga informação das missões canceladas por falta de dinheiro, ainda lhes restava a satisfação de terem feito parte num empenho histórico.

As mudanças na perspectiva humana normalmente vêem em pequenos passos e Apolo era uma rara e extraordinária oportunidade para dar um passo com um fim em vista. Para muitas pessoas no programa, Apolo era mais do que uma corrida para bater os russos; era o início de um empreendimento ainda maior. Os comentadores comparavam as primeiras aterragens com os primeiros passos das criaturas marinhas em terra e havia poucos na NASA que acreditassem que Apolo era um fim em si mesma.

Tal como pela na colonização da terra por criaturas do mar, o antigo potencial da Lua e do resto do Sistema Solar apenas será aproveitado depois de aprendermos como viver e trabalhar com estes novos ambientes. Apolo foi um início. Minuto a minuto, cada uma das tripulações Apolo aumentou o corpo do trabalho lunar e acrescentou algo à coleção de amostras geológicas. Mais de vinte anos passaram desde que o Apolo terminou e, ainda irá passar algum tempo até voltarmos e passará ainda mais tempo antes de estarmos prontos para construir uma base permanente ou para estabelecer indústrias e comércio; mas, entretanto, as amostras geológicas e experiências dos astronautas não têm valor no planeamento da fase seguinte do desenvolvimento lunar.

Nos anos seguintes ao Apolo, as amostras geológicas trouxeram-nos muitas informações sobre matérias locais que utilizaremos nas construções lunares e como matéria prima para futuras indústrias lunares. E quando se pensa no desenho de uma base lunar, as experiências dos astronautas Apolo têm muito que nos contar sobre as dificuldades do trabalho na Lua e, também, em como podemos obter vantagens das condições lunares - particularmente na gravidade fraca - para tornar o trabalho mais fácil.

Para além do simbolismo da primeira alunagem, Apolo foi, acima de tudo, uma aprendizagem e, de missão para missão, a curva da aprendizagem foi excessiva. No Apolo 11, Neil Armstrong e Buzz Aldrin ficaram apenas duas horas e meia fora do módulo de poiso, provando que podiam andar e trabalhar nos duros fatos pressurizados e no vácuo e fraca gravidade que são as características dominantes do ambiente lunar. Concretizaram três experiências, recolheram cerca de 20 quilos de rochas e solo e, conforme a ocasião, efectuavam o seu trabalho com considerável cuidado.

No entanto, missão a missão, toda a NASA - e os astronautas em particular - ganharam confiança neles próprios e no equipamento e aprenderam como fazer o trabalho num modo mais eficiente. Na altura das três últimas missões, as tripulações ficavam três na Lua e, em cada vinte e quatro horas, ficavam no exterior e trabavalham arduamente nesse tempo durante seis a sete horas. Na última missão, Apolo 17, Gene Cernan e Jack Schmitt definiram recordes para o dia de trabalho mais longo (7 horas e 37 minutos), a maior quantidade de tempo total dispendido fora da nave espacial (22 horas e 4 minutos), a maior quantidade de amostras trazidas para Terra (110 quilogramas), a mais longa excursão fora do módulo de poiso (7.5 quilómetros) e a maior distância total conduzida (35 quilómetros). E, pelos menos no caso de Jack Schmitt, pode ter arrebatado o recorde para o maior e mais sonante sono (é mesmo??????......the longest and soundest sleep.....) dos detentores anteriores de todos estes recordes - a tripulação da Apolo 16. Na Apolo 11, Armstrong e Aldrin foram para o seu trabalho com cuidado apropriado; mas, pelas duas últimas missões, os astronautas eram quase literalmente atirados por eles próprios nos seus trabalhos. A curva da aprendizagem era acentuada e os ganhos, de missão para missão, na productividade e retribuição científica foram dramáticas.

Se tivessem continuado os grandes fundos para o programa espacial depois de meio dos anos 1960, a NASA cedo teria criado uma versão do módulo lunar só de carga e, talvez a meio dos anos 1970, teria estabelecido uma base permanente na Lua. No entanto a realidade é que o Apolo é um programa muito dispendioso para aquela altura e, conforme sugeriu Arthur C. Clarke num ensaio publicado durante a semana da Apolo 11, demos um salto tão grande no espaço durante os anos 60, que necessitamos de um tempo para "consolidar", um período para assimilar as novas tecnologias e as novas perspectivas. Necessitamos de entender o que fizemos e o que aprendemos. Esse "nós" não inclui os astronautas, que estavam ansiosos por continuar, e muitas outras pessoas na NASA; mas certamente inclui muita da gente - políticos e votantes - que teriam que pagar pelos passos seguintes.

Vinte e cinco anos depois, o debate sobre as prioridades para as despesas continua e o que está claro é que o suporte político para recomeçar as operações lunares ainda está para aparecer. Mas, enquanto nos preparamos para a eventualidade de uma base lunar, das indústrias lunares e da colonização lunar, temos muito que aprender das experiências das tripulações Apolo. O Jornal Apolo da Superfície Lunar foi preparado para tornar as experiências das missões acessíveis às pessoas que suportarão os passos seguintes do desenvolvimento lunar.

 

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Copyright © 1995 por Eric M. Jones. Todos os direitos reservados.
Traduzido para português por Fernando Dias, e-mail: vss@netcabo.pt.